No fim de abril, o filhinho do Jimmy Kimmel, apresentador norte-americano, nasceu com um problema no coração que poderia matá-lo. Graças a Deus - e à medicina -, agora está tudo bem: o pequeno Billy já está em casa.
Bastante emocionado, Kimmel falou sobre isso num de seus programas recentes. Ao fim do relato, fez uma referência à proposta de Donald Trump de acabar com o Affordable Care Act (mais conhecido como "Obamacare"), lei que ampliou o acesso a planos de saúde nos Estados Unidos.
O apresentador afirmou que ninguém deve perder um filho por não ter dinheiro para pagar um tratamento, e que ao menos nisso democratas e republicanos concordam.
Mas a verdade é que não é bem assim.
A proposta dos republicanos para substituir o Obamacare é péssima e favorece as empresas de planos de saúde em detrimento dos "clientes" que não podem pagar planos caros. Como disse o Bill Maher, outro apresentador norte-americano, comentando a fala de Kimmel: com essa mudança, pessoas vão morrer e os republicanos sabem disso, mas é o preço que eles, republicanos, acham que deve ser pago.
Um desses republicanos, o deputado Joe Walsh, chegou a dizer o seguinte, via Twitter, para Kimmel: "desculpe, Jimmy Kimmel: sua história triste não obriga a mim, ou qualquer pessoa, a pagar pelo plano de saúde de outra pessoa".
Uma declaração completamente abjeta que comprova o seguinte: Bill Maher tem razão. E além de precisarmos admitir e enfrentar esta realidade, é preciso também falar sobre ela.
E aqui não me refiro mais aos EUA, mas ao Brasil: os que agora estão no poder não se importam se, com a Reforma da Previdência, pessoas vão morrer sem se aposentar. Ou se ampliando o tempo de contribuição - ou seja, de serviço -, mais pessoas terão problemas de saúde advindos do trabalho.
Eles também não se importam com o fato de que, com a terceirização, ficará mais difícil completar o tempo requerido na carteira de trabalho para ter direito à aposentadoria integral.
Aliás, não pensam assim apenas os que estão no poder. Muita gente que não está no poder, mas que apoia o atual governo ou "odeia" a "esquerda", pensa da mesma maneira.
Não dá para ficarmos apenas lamentando a insensibilidade alheia. É preciso pensar numa forma de abrir os olhos das pessoas que não enxergam a realidade por causa de um ódio irracional ao que eles acham que é "de esquerda". Muitas dessas pessoas confundem empatia e bom senso com "ser de esquerda". Isso é estúpido? É, sim. E muito. Mas precisamos fazer alguma coisa.
Além de tentar conversar e escrever textos como este, eu não tenho ideia nenhuma no momento. Mas é necessário pensarmos em alguma coisa. E rápido.
*Este artigo é de autoria de colaboradores ou articulistas do HuffPost Brasil e não representa ideias ou opiniões do veículo. Mundialmente, o HuffPost oferece espaço para vozes diversas da esfera pública, garantindo assim a pluralidade do debate na sociedade.
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