Autoridades da Bolívia confirmaram que os protestos ocorridos na noite desta sexta-feira (15) em Cochabamba, região central do país, deixou ao menos oito mortos. Houve repressão da polícia e da Forças Armadas contra uma marcha de apoiadores do ex-presidente Evo Morales, que renunciou ao cargo no último domingo (10).
O representante da Defensoria do Povo da Bolívia em Cochabamba, Nelson Cox, afirmou à rede CNN que pelo menos outras 125 pessoas teriam ficado feridas e 110 manifestantes foram detidos até o momento durante a manifestação, considerada a mais violenta até agora desde a renúncia e saída de Morales do país.
O agora ex-presidente está asilado no México desde terça-feira (12). O comando do país foi assumido pela senadora de oposição Jeanine Áñez, do partido Unidad Demócrata, que declarou-se presidente da Bolívia. Ela removeu a cúpula militar e prometeu eleições “no menor tempo possível”. Ainda não há uma data exata para o pleito ocorrer, mas acredita-se que seja em janeiro.
Cochabamba é reduto de Morales, que usou suas redes sociais para comentar as mortes e a repressão policial.
Evo Morales também falou à rede CNN: “Realmente é um massacre, porque já é um genocídio. Lamento muito tantos mortos.”
A Comissão Interamericana de Direitos Humanos condenou em um comunicado o “uso desproporcional da força policial e militar”. O órgão publicou nas redes sociais um vídeo dos corpos enfileirados no chão e afirmou, ainda, que “as armas de fogo devem estar excluídas dos dispositivos utilizados pelo controle dos protestos sociais”.
Violência
Segundo a polícia, os manifestantes estavam portando armas de fogo e objetos contundentes, além de atirarem coquetéis molotov contra as forças de segurança, o que também teria resultado em vários feridos entre policiais e soldados.
A repressão da marcha começou sobre uma ponte que une o municípios de Sacaba e Cochabamba, quando um grupo de cerca de 400 agricultores tentava chegar ao centro da cidade. Militares e policiais tentaram impedir a passagem dos manifestantes, mas não houve acordo entre as partes, desatando os distúrbios.
O conflito em Cochabamba estourou no mesmo dia em que Morales, horas antes, havia dito que, pela pacificação no país, estaria disposto a não disputar a eleição em 2020 e que poderia retornar à Bolívia como um cidadão comum, para apenas militar na oposição.
A presidente autoproclamada Añez também tinha afirmado mais cedo na sexta que, caso Evo retorne à Bolívia, irá enfrentar ações na Justiça por irregularidades nas eleições de outubro e denúncias de corrupção. Evo nega todas as acusações.
(Com informações da Agência Brasil)