A rede britânica de confeitarias Greggs quer incentivar as pessoas a comprar donuts com um buraco no meio – em vez dos tradicionais donuts redondos e recheados de geleia – para promover a “alimentação saudável”. Muita gente ficou chocada com a ideia.
Falando em uma conferência sobre obesidade infantil, o presidente da empresa, Roger Whiteside, disse que a alimentação saudável faz parte da “agenda de responsabilidade social corporativa” da Greggs e que a companhia vai tentar levar os consumidores a comer porções menores dos doces no futuro, segundo o jornal The Sunday Times.
A Greggs vai incluir diversas opções de donuts com buracos no meio em seu cardápio. Eles terão de 190 a 260 calorias cada um, em comparação com as 225 a 340 calorias dos donuts tradicionais.
“As pessoas gostam de doces grandes, não pequenos. Sabemos que não deveríamos incentivar as pessoas a comer doces grandes... Mas o problema é que você tem de seguir a demanda”, afirmou Whiteside. Um porta-voz da empresa confirmou que a Greggs também reduziu em 20% o açúcar contido em seus doces.
Os “donuts diet”, como estão sendo chamados, foram alvo de duras críticas. Nutricionistas, especialistas em saúde alimentar e até mesmo o apresentador de TV Piers Morgan são céticos em relação à novidade. Morgan disse na TV ao vivo: “Você ainda vai ficar gordo”.
Tim Lang, especialista em políticas alimentares da Universidade de Londres, disse que a iniciativa é “meio piada”, afirmando ao The Times: “O importante não são os doces comprados individualmente, mas sim o total calórico produzido pela Greggs, que vem aumentando”.
A diferença é de cerca de 100 calorias, o que é uma quantidade mínima.Rebecca Jennings, nutricionista.
Rebecca Jennings, nutricionista do Priory Group, disse ao HuffPost UK que, embora aprecie a iniciativa, a considera “bizarra” do ponto de vista nutricional. “A diferença é de cerca de 100 calorias, o que é uma quantidade mínima se quisermos considerar uma opção mais saudável que a outra.”
“Ninguém vai ao Greggs pensando: ‘Vou comer algo muito nutritivo’. Não é o lugar mais saudável. Acho que eles estão tentando fazer o máximo, mas não sei que mensagem as pessoas vão tirar disso.”
O importante, segundo Jennings, é educar as pessoas sobre o que é saudável e o que não é.
A nutricionista Samantha Gill concorda. Ela afirma que deveríamos incentivar o consumo de petiscos saudáveis – como frutas secas, nozes e sementes, homus com cenoura etc. – em vez de bolos e doces.
“Mas temos de ser realistas”, acrescenta ela. “Comer um doce de vez em quando não é nenhum problema. É uma maneira mais sustentável [de cuidar da saúde], seja um donut com um buraco no meio ou um recheado de geleia.”
*Este texto foi originalmente publicado no HuffPost UK e traduzido do inglês.