Quando apareceu, em 2015, Creed chamou a atenção da crítica e do público ao mostrar uma identidade própria mesmo sendo o 7º filme da “saga Rocky”. Característica que, infelizmente, é sumariamente jogada no lixo em Creed II, que estreia nos cinemas nesta quinta (24).
O filme dirigido por Steven Caple Jr. (The Land) - que substitui o bem mais talentoso Ryan Coogler (Pantera Negra), aqui creditado como roteirista - não é apenas uma sequência de Rocky IV. Ele praticamente copia toda a estrutura da produção de 1985 que, convenhamos, marcou o período mais ridículo da série.
Ou seja, traz de volta um personagem “icônico” do universo Balboa, o russo Ivan Drago (Dolph Lundgren), lacônico e mal utilizado como sempre.
Todo aquele charme do “underdog” que permeava os primeiros filmes do Garanhão Italiano e no que nos apresentou Adonis “Creed” Johnson deu lugar à luta - sem qualquer sentido - do personagem vivido por Michael B. Jordan por legitimação. Adonis chega a lembrar o Neymar da Copa do Mundo de 2018, um atleta talentoso que mais parece um menino mimado vivendo em sua torre de marfim.
Adonis tornou-se um personagem tão chato que é compreensível que o público passe a torcer por Viktor Drago (Florian Munteanu), filho de Ivan. Este personagem sim traz um arco de história interessante, mas que, infelizmente, é praticamente ignorado na trama.
Na história, Adonis acaba de se tornar campeão mundial de boxe quando é desafiado por um obscuro boxeador russo, Viktor Drago, filho do lutador que matou seu pai, Apollo, no ringue. Com o orgulho ferido, Adonis aceita o desafio, para o desgosto de seu mentor Rocky Balboa (Sylvester Stallone), que rompe com o pupilo.
Outro fator desestimulante em Creed II é Rocky, personagem que Stallone vive há 42 anos. Seu eterno chororô pela perda de sua amada Adrian e o mal explicado afastamento do filho Robert o deixam ainda mais irritante que Adonis.
Ao contrário de seu antecessor, Creed II aposta no velho. A impressão que fica é que faltaram ideias ou que se optou pela saída fácil de reciclar uma fórmula já pronta. Porém, por qualquer que seja o motivo, o filme já nasceu ultrapassado.