Esculturas de plantas, aves, onças, jacarés, tartarugas e até capivaras. Tudo é criado no ateliê da artista plástica manauara, Rosa dos Anjos, de 47 anos, conhecida internacionalmente pela criatividade ao usar matéria prima desde madeira, cimento e ferro. Com esses elementos, ela cria peças que podem se vão desde objetos de decoração que expressam a fauna e a flora amazônica até esculturas urbanas.
Sua arte rodou o mundo. Além do Brasil, ela já expôs em Paris, África, Portugal, Panamá, Cuba, Venezuela, Colômbia. A última escultura de 90 cm de altura é uma Ninféia-Branca - planta aquática que nasce em rios e lagos calmos - rendeu o 3º lugar em uma premiação em Liechtenstein, na Europa Ocidental, onde funciona o maior de mercado de artes do mundo. “Tenho orgulho do que me tornei. Me sustento exclusivamente da arte e nunca passei necessidades.”
Comecei a lucrar com a minha arte. Ninguém podia me segurar.
A artista plástica começou na área aos 18 anos. Pressionada para arrumar um emprego estável pela família, ela começou a trabalhar em uma linha de produção de fábrica em Manaus (AM). Ganhava um salário mínimo que dava para se manter e ajudar em casa. Mas a artista acabou engravidando e aí tudo precisou mudar. "Depois da licença maternidade, pedi demissão e resolvi vender pequenas esculturas de pássaros para ter tempo para cuidar do meu filho."
Rosa só não esperava que a venda de uma semana superaria o salário de um mês de trabalho na fábrica. Desde então, ela nunca mais foi empregada. Decidiu ser patroa de si mesma. "Quis trabalhar por minha conta e investir na minha paixão como artista. Não me arrependo".
Desde criança gostava de artes. Gostava de desenhar, pintar, fazer bordado.
Rosa dos Anjos é neta de um ceramista paraense. O avô trabalhava com cerâmica marajoara em Belém (PA). Era um grande artista, fazia tudo com as mãos. Por isso, ela acredita que tenha herdado esse talento dele. Depois dele, ela é a única que trabalha com arte na família.
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"Desde criança gostava de artes. Gostava de desenhar, pintar, fazer bordado. Meu pai era encanador e os pedaços que sobravam, inventava algo. Fazia meus próprios brinquedos", lembra.
Viver da minha arte é um sonho. Não me imagino fazendo outra coisa.
A fama chegou quando Rosa foi descoberta por um comunicador enquanto vendia as mini esculturas de pássaros em praças e parques de Manaus (AM). "Ele foi enfático. Disse que não tinha que ficar na praça, que tinha que expor em galerias e logo veio a oportunidade", conta.
A primeira exposição dela foi na Galeria Moacyr Andrade, também em Manaus, e não parou mais. Participou de ações de empreendedorismo com o SEBRAE, de congressos fora do Brasil, de feiras e desde então, conseguiu mostrar o trabalho de forma mais empreendedora.
Acreditar em si mesmo é o que faz a diferença em qualquer trajetória.
O sonho dela agora é levar fomento para outros artistas da região. Hoje ela trabalha como curadora e sempre organiza exposições e, inclusive, tem levado trabalhos desses artistas para exposições internacionais.
"Criei meu filho, me sustento e sonho em proporcionar o que tive para outros artistas independentes", aponta. "Temos artistas talentosíssimos que precisam de apoio e se depender de mim, vão conseguir chegar lá como eu cheguei; vão viver da arte e se realizar com um trabalho que nos valoriza como amazônidas."
Ficha Técnica #TodoDiaDelas
Texto: Samira Benoliel
Imagem: Iana Porto
Edição: Andréa Martinelli
Figurino: C&A
Realização: RYOT Studio Brasil e CUBOCC
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