Representantes de 80 países se reuniram nesta quarta-feira (13) em Florianópolis para decidir o futuro das baleias.
Liderados pelo Japão, um grupo de países que participa do encontro da Comissão Baleeira Internacional (CIB) quer votar a liberação da caça comercial dos mamíferos. O tema foi colocado em pauta hoje, mas a decisão foi adiada para sexta-feira (14).
O Brasil faz parte do grupo contrário ao Japão e defende que a proibição do abate dos animais, que é ilegal há 32 anos, não seja retomado. O país asiático argumenta que é preciso que as regras sejam revisadas, exatamente por já existirem há mais de 3 décadas.
Nas redes sociais, a discussão do evento repercutiu com bastante polêmica. Usuários do Twitter criticaram o termo "abate humanitário" e questionaram a defesa da caça dos animais.
Teve até gente que exigiu um exercício de empatia para quem defende a legalização do abate...
Pq não legalizam a caça aos humanos????? Quem sabe assim eles não deixam de ser uns otarios que acham que são superiores a qualquer outro ser vivo#SalvemAsBaleias
— Ana com H (@hanzzztay) 13 de setembro de 2018
Outras pessoas questionaram se estamos, realmente, em 2018, tamanha a surpresa diante do tema:
Em pleno 2018 ta acontecendo uma votação pra retornar a caça às baleias - esse possível retrocesso ta sendo sediado no brasil, em floripa, mas diz respeito ao mundo inteiro.
— bibiana terra (@freckledheartt) 13 de setembro de 2018
Alguns usuários tentaram mostrar o quanto esses animais demoram para se procriar e o quanto a caça poderia ser destruidora.
Curiosidade: até mesmo o cocô da baleia é importante para o equilíbrio da vida marinha.
Tem muita gente que realmente não está entendendo nada...
eu juro que eu me esforço pra manter a fé na humanidade e pensar que lá no fundo existe um altruísmo e uma bondade intrínseca p/ com a terra e tudo que coexiste conosco, mas com TANTO problema por aí, as pessoas fazem uma votação pra legalizar a CAÇA ÀS BALEIAS? #SalvemAsBaleias
— fiorão (@GuilhermeFiore) 13 de setembro de 2018
Importante lembrar:
A proibição da caça comercial de baleias foi instituída em 1986 pela própria CIB, mas não é seguida a risca por todos os países. Brechas do próprio regulamento permitem a caça de baleias em casos de estudos e pesquisas científicas, desde que o país siga cotas específicas - caso do Japão.
Outro dificultador do processo é a falta de fiscalização e penalização, já que não há uma agência regulatória internacional. A preservação das baleias fica sob a responsabilidade de ONGs, órgãos públicos e na confiança da consciência dos próprios pescadores.
No Japão, a caça das baleias é algo que faz parte da cultura e da economia do país. Na década de 50 e 60, a carne da baleia era uma das principais fontes de proteína da população.
Desde 1990, o país faz uma tentativa de aprovar a caça comercial, mesmo que com restrições. A proposta que está em discussão é a defesa de uma caça sustentável, que estabeleceria cotas para definir quantos animais cada país poderia abater por ano.O Japão já tem apoio declarado da Islândia, Noruega e alguns países da África e do Caribe. O principal argumento é de que as espécies ameaçadas já tiveram tempo de recuperação ao longo dos anos proibitivos.
No Brasil, a caça é completamente proibida e pode gerar uma multa e a prisão de 2 a 5 anos.