Um presidenciável que se diz de centro, quer reduzir o tamanho do Estado e o número de partidos. Algumas posições do senador Alvaro Dias (Podemos-PR) se confundem com as do governador de São Paulo, Geraldo Alckmin (PSDB), ambos pré-candidatos ao Palácio do Planalto.
Um dos nomes com menor rejeição na disputa, Alvaro Dias é visto pelo PSDB como possível risco à campanha de Alckmin por partilhar o perfil dos eleitores. Mas os tucanos apostam que haverá uma migração de votos para o governador antes do 2º turno.
"Ele [Alvaro] atende uma certa expectativa do eleitorado, mas acreditamos que quando chegar num momento de decisão, vai haver uma convergência para quem tenha mais chance de ir para o 2º turno", afirmou ao HuffPost Brasil o deputado Silvio Torres (PSDB-SP), tesoureiro do partido. "Deve haver uma migração do eleitorado quando vir que corre o risco de dispersar os votos", completou.
Em 2014, o PTN, atigo nome do Podemos, apoiou o candidato do PSDB ao Planalto, o senador Aécio Neves (MG).
PSDB tem 25% do tempo de TV
Na avaliação de Torres, uma das principais vozes de Alckmin em Brasília, o tucano conta com uma série de vantagens que fortalecem sua candidatura e irão garantir que ele fique à frente de Alvaro na disputa.
Ele cita o tempo maior de propaganda de rádio e televisão e uma estrutura nacional de apoio, com palanques nos governos estaduais. "É uma eleição geral, não é uma eleição solta. Isso é uma vantagem significativa para o Alckmin."
De acordo com Torres, hoje o PSDB conta com 25% do tempo de rádio e TV, com apoio do PSD, PTB, PPS e PV. Juntos, os 5 partidos elegeram 134 deputados. 90% do tempo da propaganda é proporcional à bancada eleita pelo partido e 10% são distribuídos igualitariamente entre os candidatos.
O Podemos, por sua vez, corre para aumentar o tempo de TV de Alvaro Dias. A legenda que, quando se chama PTN, elegeu 4 deputados, tenta uma aliança com o PRB, que elegeu 21 deputados.
Podemos tenta aliança para aumentar tempo de TV
Presidente do Podemos, a deputada Renata Abreu (SP) tem conversado com o presidente do PRB, Marcos Pereira. Os partidos chegaram a tratar da possibilidade do PRB ser vice na chapa, mas a negociação ainda não foi fechada.
O partido lançou a pré-candidatura do senador nesta sexta-feira (23), em Belo Horizonte (MG). Dias criticou a corrupção e prometeu combater privilégios e fazer uma "refundação" do Brasil.
"A substituição desse modelo de governança passa por reformas fundamentais como a reforma do estado com enxugamento da máquina pública, a qualificação técnica do governo, com a eliminação dos privilégios das autoridades."
O anúncio foi feito na posse da Executiva estadual do partido em Minas Gerais, onde o prefeito de Betim, Vittorio Medioli, assumiu a presidência estadual da legenda. Ele é cotado para disputar do governo de Minas, o que pode garantir um palanque ao senador.
Para o deputado Marcus Pestana (PSDB-MG), secretário-geral da sigla, o fator regional prejudica Alvaro Dias. Ele afirmou que o senador só tem apoio maior no Sul do País.
O senador resolveu concentrar a campanha no Sul, Sudeste e Centro-Oeste. O entendimento do Podemos é que o PT tem uma força muito grande no Nordeste, então não compensaria ser a região com mais esforços.
Também contam a favor de Alckmin, os recursos do Fundo Partidário e do Fundo Eleitoral. O PSDB decidiu destinar R$ 70 milhões para a candidatura do tucano, valor máximo permitido.
De acordo com pesquisa Datafolha divulgada em 31 de janeiro, apenas 13% dos entrevistados disseram que não votariam em Alvaro Dias de jeito nenhum. Registraram o mesmo percentual Manoela D'Ávila (PCdoB), Guilherme Boulos (PSol) e João Amoêdo (Novo). Alckmin, por sua vez, conta com 26% de rejeição.
Quanto à intenção de voto, o tucano oscila entre 6% a 11%, dependendo do cenário. Já o senador tem entre 3% e 6%. A margem de erro é de 2 pontos percentuais para mais ou para menos.