Se o presidente da França, Emmanuel Macron, estivesse prestando mais atenção, teria reconhecido rapidamente o quão forte seria seu iminente intercâmbio com Donald Trump.
Os dois líderes haviam se encontrado rapidamente mais cedo naquele dia, trocando um firme, prolongado, "nada inocente" aperto de mão que chamou a atenção por sua intensidade e duração. Depois, quando Macron abordou Trump e outros líderes na inauguração da nova sede da OTAN, em Bruxelas, no mês passado, o presidente dos Estados Unidos ofereceu várias deixas não verbais indicando seu desejo de restabelecer a estrutura de poder global.
A primeira veio bem antes dele e Macron estarem cara a cara. Caminhando em direção um ao outro, Trump ofereceu um improvisado aperto de mão ao rei Philippe da Bélgica, que se posicionou imediatamente à sua direita. O rei pareceu ter sido pego de surpresa. Por uma boa razão. Ninguém no grupo estava fazendo esse tipo de gesto.
A oferta de Trump pareceu fora de hora. Mas Florin Dolcos, professor associado de psicologia da Universidade de Illinois e integrante do corpo docente do Grupo de Neurociência Cognitiva do Instituto Beckman, sugere que o gesto foi deliberado. E o público-alvo não era Philippe, mas Macron.
"Este é o sinal que Trump estava mandando: 'Aqui é onde você deve vir primeiro, porque sou o alfa aqui", disse Dolcos. "Fui eu quem iniciei [o cumprimento] com o outro cara."
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Momentos depois, outro sinal. Com os dois ainda caminhando em direção um ao outro, Trump olhou para Macron e abriu os braços — um gesto tipicamente reservado para família e amigos, não para dois líderes mundiais que acabaram de se conhecer. Mais uma vez, Dolcos suspeita que Trump estava enviando uma mensagem não verbal para seu homólogo francês.
"Acho que é um comportamento aprendido. Porque, tipicamente, você não faz isso. Você faz com pessoas muito próximas a você em circunstâncias naturais. Não com pessoas que você não conhece realmente", disse. "De certa forma, poderia ser visto como uma armadilha."
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Macron não caiu nela. Em vez disso, cumprimentou algumas outras pessoas antes de ir em direção a Trump. Quando finalmente chegou, Trump se adiantou e pegou a mão de Macron, puxando-a tão violentamente com força suficiente para fazer o presidente francês dar uma volta de 50 graus.
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Dolcos, outra vez, viu ali uma jogada tática. Incapaz de torcer o braço, Macron ficou impotente. Ele tentou ase afastar e Trump se recusou em deixá-lo ir.
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Macron colocou sua outra mão sobre Trump para se soltar. E, quando finalmente se libertou, Trump deu um tapinha em suas costas, terminando a troca exatamente em seus termos.
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Outro bizarro, dramático e incômodo aperto de mão com um líder mundial entrou para a história, pululando pela internet para o espanto de todos.
"Tem a ver com dominância assertiva", disse Delcos. "Por que ele quer fazer isso? Não sei.. Para mim, parece que está forçando muito a barra... Fica ridículo..."
Macron tenta se esquivar de Trump, [e] Trump responde tentando arrancar seu braço? Isto é insano.
Se você quiser entender Donald Trump — sua presidência, sua diplomacia pessoal de abordagem, até sua psique — simplesmente siga suas mãos.
Essas mãos e seus excepcionais dedos têm sido fonte de imensa insegurança, levando-o a atacar críticos e se gabar de sua genitália. Elas dão insights sobre seu casamento pela maneira pela qual buscam — cada vez mais sutilmente e, muitas vezes, sem sucesso — o abraço de sua esposa. Elas nos informam sobre seu nível de conforto no posto à medida que tenta encontrar seu papel no palco mundial. E ilustram sua preocupação com o imaginário e o papel que desempenha em avançar sua agenda.
"Simplesmente acho que o presidente é muito ciente da ótica das aparências nessas reuniões multilaterais com líderes mundiais", disse Sam Nunberg, ex-assessor de Trump, "e até acho [que o aperto de mão] é simbólico para o lema 'América Primeiro' de sua presidência e campanha'".
O aperto de mão de Trump se tornou a mais exclusiva saudação de todo o mundo da política. Antes de ele praticamente rasgar o braço de Emmanuel Macron, Trump esmagou os dedos do primeiro-ministro do Japão, Shinzo Abe.
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