Nove meses após os atentados terroristas no aeroporto e em uma estação de metrô de Bruxelas que deixaram pelo menos 32 mortos e 300 feridos, ainda há a sensação de que a feriada continua exposta. Os trâmites no Aeroporto Internacional de Zaventem são reflexos das sequelas do terror na Bélgica.
Barreiras de segurança reforçadas, com sistema de revista e raio-x mais rígidos, e o aviso para chegar três horas antes do embarque - uma hora a mais que o usual - mostram que a cidade ainda não voltou a normalidade. E não há nem previsão para que isso ocorra.
O que impressiona, entretanto, é o caminhar no turístico centro de Bruxelas. Lugares como a Grand-Place, a Bourse de Bruxelles (Bolsa de Valores) e ruas movimentadas como a Boulevard Anspach são repletos de policiais fortemente armados. Assim como no Rio de Janeiro, com a presença da Força Nacional, uma tropa faz a segurança dos principais pontos da cidade.
A cena já faz parte da rotina dos belgas desde março deste ano. Junto com os policias na rua, o dia a dia dos moradores de Bruxelas ganhou novos hábitos. Uma designer carioca que mora na cidade há oito nos contou ao HuffPost Brasil que a quantidade de pessoas que usavam o metrô caiu drasticamente após o atentado.
Além do transporte público, os moradores locais passaram a evitar ambientes muito cheios em horários de pico. “Não há sensação de insegurança em situações comuns, como estacionar em algum lugar tarde da noite e ir andando até a minha casa. A certeza de que é absolutamente seguro fazer isso continua. O que muda são atos corriqueiros, mas que envolvem a possibilidade de uma catástrofe grande, como algum evento ao ar livre, independentemente do horário”, disse.
Câmeras de segurança, mecanismos de identificação de faces, nova sinalização, patrulha e carros de guerra foram adicionados aos longo dos últimos meses no esquema de segurança da cidade. Isto porque a cidade é vista como um “hub” para o Estado Islâmico. As autoridades locais dizem que estão fazendo o possível para manter a população segura, mas ainda assim há um constante ar de ameaça.
Ligação com atentados na França
O ataque de março neste ano em Bruxelas teve ligação com os de Paris e Nice, ambos orquestrados pelo Estado Islâmico. Na França, a ação do Estado Islâmico deixou 130 mortos.
A Bélgica se tornou um alvo por ser um dos destinos preferidos dos jovens europeus que abandonam seus países de origem para se juntar à guerra síria e aos grupos de recrutamento terrorista, como o Sharia4Belgium.
Já a França é o país europeu de onde mais saíram jovens para se juntar ao Estado Islâmico.
*A repórter viajou à convite da GSK.
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