A Operação Lava Jato, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva três vezes réu e as urnas parecem estar fazendo os integrantes do Partido dos Trabalhadores pensarem em novos rumos para a legenda. Essa é uma das leituras possíveis da notícia trazida nesta quarta-feira (19) pela coluna "Painel", da Folha de S. Paulo, assinada pela jornalista Natuza Nery.
É que Tarso Genro, ex-governador do Rio Grande do Sul e ex-ministro do governo Lula, lançou o nome do prefeito Fernando Haddad, derrotado em primeiro turno em São Paulo, para a presidência do partido. Defensor de uma espécie de "refundação" da legenda, Tarso crê, segundo o jornal, que o PT "só será bem-sucedido se figuras como a do prefeito paulistano assumirem a linha de frente do PT e da esquerda".
A indicação a líder do partido renderia a Haddad também as maiores chances de concorrer à presidência ou ao governo de São Paulo nas próximas eleições, em 2018.
A ideia dada por Tarso ganhou o apoio de Eduardo Suplicy, vereador mais votado da história da capital paulista e aliado de primeira hora de Haddad. Suplicy postou a seguinte mensagem em sua página no Facebook:
Outros nomes
Reportagem da quarta-feira passada (12) do HuffPost mostra que o PT vai tentar mudar a direção que a legenda tomou nos últimos anos. A pouco mais de duas semanas do segundo turno, o resultado das eleições municipais vem sendo encarado como a pá de cal que o Partido dos Trabalhadores precisava para se reinventar. O resultado foi pior que o esperado, na avaliação de integrantes de Executiva. Foram conquistadas apenas 251 prefeituras ante 630 das eleições de 2012.
Desde o fim do primeiro turno, o grupo que comanda a legenda tem se reunido para redesenhar o futuro da sigla. Nas avaliações internas, o PT voltou ao patamar dos anos 1990. A principal mudança já definida é a troca da presidência da legenda.
Para alguns petistas ouvidos pelo HuffPost Brasil, é preciso adotar a tática do futebol: quando um time não está indo bem, é preciso trocar o técnico. No caso, o técnico é o presidente do partido.
Há pelo menos três outros nomes além de Haddad no páreo para a disputa para substituir Rui Falcão:Lula, Jaques Wagner e Lindbergh Farias. No entanto, apenas o nome de Lula é apontado como aquele capaz de unificar a legenda, mas é também o mais delicado pela avaliação de que pode trazer para o centro da legenda a Operação Lava Jato e todo seu desgaste.
Lula cercado e partido rachado
Em matéria desta semana, o Estadão traz informações sobre o "racha" dentro do partido. De acordo com o jornal, o ex-presidente Lula teria avisado dirigentes das principais correntes do PT que não será candidato ao comando da legenda. Tudo por conta de uma “repactuação” interna para superar a crise do partido.
Lula estaria apreensivo com o racha no PT e pedindo para que as disputas entre grupos fiquem de lado. Para o ex-presidente, é hora de autocrítica e de uma oposição “propositiva” ao governo Michel Temer.
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