O Ministério Público do Paraná (MP-PR) participou do cumprimento de três mandados de prisão e dois mandados de busca e apreensão, em mais uma fase da Operação Quadro Negro, deflagrada em agosto no Estado e que apura crimes de corrupção e desvio de recursos da Secretaria de Educação do Paraná em obras de construção civil de escolas. Um dos detidos é uma figura conhecida dos paranaenses.
O ex-vereador de Curitiba, Juliano Borghetti, foi preso temporariamente por agentes do Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco). Ele é irmão da vice-governadora do Paraná, Cida Borghetti, cunhado do deputado federal Ricardo Barros (PP-PR), e se envolveu recentemente em uma briga entre as torcidas de Atlético-PR e Vasco, há dois anos, em Joinville (SC).
De acordo com o MP-PR, Juliano Borghetti teria recebido diversos pagamentos de R$ 15 mil, todos pagos pela empresa Valor Construtora e Serviços Ambientais – cujos donos, Eduardo Lopes, e o filho dele, Gustavo Lopes, também foram presos. O irmão da vice-governadora receberia os pagamentos para agilizar os pagamentos do Estado à empresa – que recebia até por serviços não realizados.
Ao jornal Gazeta do Povo, o advogado do ex-vereador, Cláudio Dalledone Júnior, afirmou que Borghetti é inocente. Ainda de acordo com o defensor, “autoridades com foro privilegiado estão sendo investigadas também”, sem citar nomes. A Operação Quadro Negro investiga dez contratos, feitos entre 2011 e 2014, entre a secretaria e a Vale Construtora. A empresa já teria recebido R$ 25 milhões, segundo o MP-PR.
A operação no Paraná acontece no mesmo dia em que buscas e apreensões foram realizadas nas casas do presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), como parte da Operação Lava Jato, e também no dia em que foi admitido o processo de cassação de Cunha no Conselho de Ética da Casa. Nesta votação, aliás, Ricardo Barros votou contra a admissibilidade, junto com outros oito deputados aliados do peemedebista.
Barros também é o relator do Orçamento 2016, tendo orientado o corte de R$ 10 bilhões do programa Bolsa Família, como parte dos ajustes necessários ao País, segundo ele. Ex-prefeito de Maringá (PR), Barros é ainda suspeito de direcionar uma licitação de publicidade no governo municipal daquela localidade.
As ligações familiares com a política não terminam aí. Juliano Borghetti é tio da deputada estadual Maria Victória (PP) e foi casado com a ex-vereadora de Curitiba Renata Bueno, que é hoje deputada no Parlamento da Itália. Ela, por sua vez, é filha do deputado federal Rubens Bueno (PPS-PR), um dos líderes da oposição ao governo federal na Câmara.
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