As tintas carregadas da palavra aids produziram um efeito sombrio na década de 90 em todos aqueles que acompanharam a saga de quem tinha a doença, como o cantor Cazuza e o sociólogo Betinho.
Mesmo com as campanhas de esclarecimento do Ministério da Saúde, contrair o HIV e conviver com o vírus persistiram como tabu no Brasil. Ainda que milhares de soropositivos não desenvolvam a doença, as dúvidas e o preconceito em relação ao HIV não cessaram.
Por isso, projetos como Boa Sorte, idealizado pelo artista e ativista Gabriel Estrëla, são fundamentais para colocar em debate a vida dos positivos, como ele gosta de chamar.
A ação mais recente é um ensaio nu com pessoas positivas e negativas para valorizar a diversidade.
"Metade dos modelos serão soropositivos, mas não necessariamente serão pareados de forma sorodiferente, um positivo e um negativo. A ideia é que justamente se perceba que é impossível definir, pelo corpo, quem tem ou não HIV", explica Estrëla ao HuffPost Brasil.
Gabriel Estrëla e Gabriel Martins, namorados sorodiscordantes, combatem preconceito
Um abraço de verdade é um gesto de acolhimento.
Ao abraçar alguém, não importa a sorologia dessa pessoa, mas o afeto, o carinho.
Nus, os corpos se despem de preconceito. E se aceitam.
"Sempre achei que a melhor forma de desconstruir a imagem que temos do corpo da pessoa positiva para HIV seria mostrar esse corpo. A partir disso, conversei com os rapazes [da Fábrica de Teatro e do estúdio Daniel Fama Fotografia, organizadores do ensaio]", conta Estrëla.
Os primeiros modelos do ensaio são os produtores e parceiros do projeto.
Os moradores do Distrito Federal interessados em dar o abraço de aceitação, nu e sem receios, devem preencher o formulário do projeto Boa Sorte.
"Os modelos estão sendo escolhidos a partir de duas perguntas: que abraço te dá sorte? Que cor ele irradia? Daí selecionaremos os modelos e montaremos os pares para as fotos", detalha Estrëla.
Veja as primeiras fotos do ensaio nu:
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