Ao lembrar seu desembarque na Inglaterra, no começo da temporada, o volante Fernandinho se sentia confiante para ocupar um lugar como titular do Manchester City. De fato, ele tem sido escalado com frequência pelo chileno Manuel Pellegrini. Vindo de um período de oito anos no Shakhtar Donetsk, da Ucrânia, Fernandinho credita parte da boa adaptação ao City à confiança do treinador, que chegou na mesma época ao clube. Houve também a contrapartida do jogador, que passou a atuar como primeiro volante a pedido do técnico.
“O time havia sofrido um pouco na temporada anterior com jogadores que saíam demais e desguarneciam a defesa. O treinador sabia que eu era disciplinado taticamente e me pediu para fazer essa nova função”, diz. Apesar de já ter jogado como meia e ala no Atlético-PR e como meia avançado no Shakhtar, Fernandinho conta que a nova função exigiu mais atenção dele.
“No começo, eu não estava acostumado e foi difícil conciliar as ações defensivas e ofensivas. Hoje, eu troco com o Yaya Touré e a gente está se entendendo cada vez melhor.” Os dois gols na vitória por 6 x 3 sobre o Arsenal, pelo Campeonato Inglês, mostram que seu futebol não ficou restrito à proteção da zaga.
O jogador tem dúvidas se essa polivalência aumenta as chances dele de voltar à seleção brasileira, mas admite que está ansioso pela convocação em março. “Sinceramente, não sei se isso pode me ajudar, mas estou trabalhando duro e espero que o Felipão goste do meu desempenho.” Ele foi convocado para cinco partidas ainda na era Mano Menezes.
O futebol inglês também tem exigido mais de Fernandinho, que vê diferenças significativas em relação à Ucrânia. “Aqui se joga mais, a cada três dias tem jogo. O campeonato é mais competitivo. Tem muitos jogadores de qualidade. E, mesmo diante dos clubes considerados pequenos, se você não entrar forte, é surpreendido e perde o jogo”, afirma. Outra diferença é a pressão maior, por parte de imprensa, clube e torcida, esta especialmente no que diz respeito ao outro clube de Manchester. “A torcida respira rivalidade. O torcedor te encontra na rua e ‘vamos ganhar do United’”, diz.
Fora de campo, Fernandinho conta que não está tendo problemas de adaptação. Ele é o único brasileiro do elenco, diferentemente do antigo clube, em que, durante os oito anos, nunca faltaram compatriotas, como Brandão, Matuzalém, Ilsinho e Elano, entre tantos outros. No tempo livre, os programas não mudaram muito em relação a Donetsk, com idas a shoppings e restaurantes. Em Manchester, Fernandinho acrescentou o hábito de ir com o filho de 3 anos aos parques da cidade. E o maior acesso a produtos brasileiros, como o guaraná, ajuda a diminuir a saudade da terra natal.